Notas para uma pesquisa sobre poéticas ayahuasqueiras. Relações entre sujeito pesquisador e planta
Abstract
Este trabalho se propõe à sistematização de reflexões iniciais para uma pesquisa sobre poéticas que envolvam a toma de ayahuasca, na área de Estudos literários, e, mais precisamente, sobre como pode ser estabelecida a relação entre pesquisadora e planta. Isto é, ao mirar as investigações acerca de distintos usos ayahuasqueiros, encontrei, como ponto de contato, a compreensão da bebida como ser – sujeito dotado de agência, em constante trânsito entre mundos (Callicot 2017; Labate & Araújo 2002; Labate & Pacheco 2009) – e, perante tais cosmovisões, surgiu-me a inquietação em torno da relação a ser travada com esse sujeito de pesquisa, não-humano. Ainda, pesou-me serem as poéticas identificadas enquanto forma de comunicação com a ayahuasca. Logo, para formular as notas a serem apresentadas, fiz dois movimentos, em nada dissociados. Por um lado, procurei trazer algumas vozes para pensar as relações tecidas em etnografias ayahuasqueiras e as imbricações de se olhar, detidamente, para a dimensão poética (Cesarino, 2008; Labate, 2004; Ramos Filho, 2016; Viveiros de Castro 2002, 2007). Por outro, avizinhei contribuições em torno das noções de poético, na oralidade e na escrita, e de “produção de presença”, como partícipe da experiência estética (Gumbrecht, 2010; Hansen, 2017; Zumthor, 2014). Com estes elementos, explicitou-se a importância de se propor uma leitura dessas poéticas centrada nos corpos envolvidos e, na pesquisa, em diálogo – corpos dos sujeitos ayahuasqueiros, da planta e da pesquisadora.
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Riferimenti bibliografici
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